sexta-feira, 30 de julho de 2010
quarta-feira, 21 de julho de 2010
RCC privatizada?
"Servir" deveria ser o verbo regente da vida humana. O que vemos é a atuação constante do "possuir". É lamentável. Cada vez mais, vejo o modelo de comunidade dos Atos dos Apóstolos sendo distanciado das realidades de nossas comunidades.
Leigos que querem status, poder, domínio. Esqueceram que o Reino de Deus tem predileção no servir e na partilha. São pessoas que se corrompem com testemunho sujo e abominável. Deus não precisa de patrões, a comunidade precisa de servos.
A comunidade família, a comunidade igreja, a comunidade social ... lugares oportunos que Deus criou a fim de que o amor seja instaurado. Não existe milagre mais bonito do que esta sábia consciência.
No entanto, a sujeira é tão grande que até chega a se organizar em cúpulas. Existe sempre o grupo que comanda. Depois, o grupo que é subordinado. E ai daquele que se sentir "injustiçado". Será logo cortado por "atrapalhar" a ordem da tribo.
Relendo o belíssimo Documento de Aparecida, Texto Conclusivo da V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe, realizado em maio de 2007, na ocasião da visita do Santo Padre, o Papa Bento XVI, encontro pistas para tal reflexão; caminhos necessários para um tempo novo no servir.
No parágrafo 370, está escrito: "A conversão pastoral de nossas comunidades exige que se vá além de uma pastoral de mera conservação para uma pastoral decididamente missionária." Este trecho é apenas 1% de uma imensa riqueza existente para nós. Instruções que deveriam ser acolhidas no coração de tantos "leigos e leigas" que insistem em achar que são cárceres do Divino Poder.
Cristão que não entendeu a mística do serviço, não produz frutos de paz.
Vivo e já vivi experiências estupendas em comunidade, mas confesso que as desprezíveis foram as que causaram grande reflexão em mim. E eis algumas perguntas ficaram no ar ...
Por que são, quase sempre, os mesmos pregadores nos encontros de formação da RCC?
Por que as "revelações" do Espírito Santo estão sempre voltadas para um determinado público alvo?
Temos uma "equipe de serviço" ou uma "equipe de patrões"?
Ou os ministérios estão sendo privatizados e eu não sabia?
Gostaria muito que os jovens que passam anos lavando banheiros - não que seja um trabalho desnecessário - tivessem oportunidades para pregar, ministrar e contribuírem para com a evangelização a partir dos dons que possuem.
Nunca vi coordenadores lavando banheiro. Se existem, ótimo, são a minoria. Continuem assim.
Se no Reino todos são iguais, a oportunidade deveria ser regra de convivência.
Numa certa ocasião, fui convidado pelo ex-coordenador Diocesano da RCC, Ricardo, a ocupar o serviço da secretaria Marcos de uma cidade X. Fiquei lisonjeado com o convite e, assim, colocaria em prática a primeira máxima que sustenta a comunidade do povo de Deus: a igualdade. Seria um sonho realizado, a partir do princípio evangélico, vê-los além de bancos e banheiros; vê-los como pregadores, animadores, jovens missionários. Mas nem cheguei a ocupar o ministério e fui perseguido ...
Que o exemplo da Comunidade dos Atos dos Apóstolos esteja além do admirável, mas sobretudo, a partir dos nossos gestos libertários.
O Espírito Santo clama por vez e voz. E, mesmo consciente de que toda formação seja necessária para o crescimento, ainda reafirmo que o Pai do Céu não é atraído por diplomas, mas por corações generosos.
Que a RCC, e tantos outros movimentos, sejam respeitados em sua origem, que é o serviço e o amor.
A igreja será muito mais rica, plena, e missionária quando o clamor do Espírito de Deus for entoado pela boca dos que nunca tiveram vez - campo fértil por onde Deus pode fazer florescer um novo tempo.
Irmãos,
Lugar de cristão é na mesa. Não em panelas!
segunda-feira, 12 de julho de 2010
Entardecimentos.
Vez em quando as tardes entardecidas me amanhecem. Frase que brotou de forma límpida no meu pensamento. Saiu rápida, sem causar nenhum sentimento de repressão. Quando ela pousou diante de mim, fiquei a pensar sobre tal verdade.
Por que "entardecer" pode revelar apenas o sentido de "perda"? Fico a pensar nas inúmeras vezes que perder alguém ou alguma coisa em nossa vida, passa a ser questão de finalização. Ou até motivo para um sentimento de fracasso perpétuo.
Perdas podem ser ganhos. Finalizações podem ser recomeços.
Tardes entardecidas se renovam e voltam acesas ao meio dia.
Não sei o que é sinônimo de finalização em você. Talvez a sua fé na vida por ter sofrido as perdas que a vida lhe impôs.
O que trago é a certeza de constantes esperas necessárias.
Dores podem ensinar. Perdas também.
Que sejamos capazes de enfrentar os entardecimentos como passagens para o novo que virá.
Rodrigo .
terça-feira, 6 de julho de 2010
Vazios que ensinam.
Não pense que o vazio que sentimos seja a ausência de Deus. O desejo contido nesse "vazio", é a vontade infinita de estarmos em Deus. Que seja assim.
temos de adoração, e de algo que nos suspende com o sentido absoluto.
Nós somos finitos e relativos, e queremos sempre uma coisa absoluta: que
esse café maravilhoso não acabe, que a minha paixão não acabe, que essa
casa bonita permaneça. A gente tem sede de infinito e de permanência.
Então, esse ser que assegura a permanência das coisas,
é que eu chamo de Deus. É o absoluto."
Adélia Prado