sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Suicídios lentos.

Reprodução: Internet.


Optar pela vida é o melhor projeto. 
Hoje, recebi a triste notícia de um suicídio: uma jovem decidiu por fim a própria vida após uma desilusão amorosa. Cancelou uma vida plena de oportunidades; sonhos que agora se acomodarão na lembrança daqueles que ficaram. 
Não a conhecia. Mas, tristemente, sofri quando meu coração tocou o aceno da fatalidade; a desistência brutal pela vida. 
Diante da necessidade de analisar o fato, eu prefiro evitar o perigo da resposta apressada. Uma tragédia que sugere uma interpretação mais profunda. A morte, ainda que seja de alguém que nunca tenha cruzado o nosso caminho, pode nos acordar. 


A morte da moça, a juventude tão cobiçada, os sonhos ancorados, a tragédia e a corda no pescoço.
A decisão pela morte não é acontecimento súbito. Tenho a plena convicção de que essa jovem começou a desistir da vida no momento em que deixou que a corda engrossasse, diariamente, os próprios gomos, e assim, saísse da mão e se enroscasse ao pescoço; tristezas e fracassos não administrados; ausência de si mesmo ... 
Vivemos diante de cordas invisíveis. Vivemos no meio de homens e mulheres, jovens e adultos que colecionam desistências. Pessoas que vão perdendo o sabor pela vida - e a partir do gosto amargo das dificuldades, são atraídas pelo caminho mais fácil, alimentando a desistência de si, o desprezo, e o sentimento mentiroso a culpá-la de fracassadas. Suicídios lentos e adubados. 
Infelizmente, para a jovem não tem mais jeito. O seu enredo foi selado. Mas para nós ainda é tempo. Tempo de observar as cordas que estão ao alcance de nós, e plenos de esperança, retirá-las, desatá-las. 
Que Deus nos dê a graça de percebermos as cordas invisíveis que estão por todos os lados. Talvez dentro da nossa casa a enroscar, de forma silenciosa, no pescoço daqueles que tanto amamos. 
Não espere pela tragédia. Opte por desativá-la. Esteja atento como guarda de si, e também do outro. Não chegue atrasado na vida de quem você tanto ama. 
Estar ao lado não significa estar presente. Talvez a moça que hoje falecera, tenha morrido solitária numa casa rodeada de pessoas 'atrasadas'. Presenças salvam. 
A morte dessa jovem me fez repensar sobre a vida e valor que ela possui. Me deu a graça de compreender que a melhor saída está na opção pela vida. 
Tristezas e depressões não nasceram para ser colecionadas, mas desativadas. 
Senhor, dai-nos a graça do olhar demorado. Deus da Vida, dai-nos a benção da urgência do amor. 
Como um dia escreveu o poeta: "Corda na mão, não no pescoço." Eis a lição. 

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