domingo, 16 de maio de 2010

Perdas.

Todas as estações do ano nos ensinam. Mas o outono é doutor em perdas e preparações. O sofrimento presente na vida humana se esbarra na casa da perda necessária. Conviver é perder.


Fé que não se renova, morre. Vida que não abriga o essencial hospedará: supérfluos e ilusões.


No verão, as árvores são preparadas para a próxima estação. Querendo ou não, elas são inseridas no mistério da natureza para sobreviverem e, assim, cumprirem com naturalidade a tarefa de perder o que já não mais a pertence.


Folhas que se vão para darem lugar às novas que brotarão - Jesus precisou dar a própria vida para que o plano do Pai fosse instaurado - Ele, de certa forma, também precisou desfazer do que possuíra para ganhar e fazer-nos vencedores. A perda de hoje, aponta para o ganho de amanhã.


Você pode me indagar: - "O que ganho com a morte de alguém estimado?" As respostas são inúmeras, não ousaria definí-las em propostas mansas. Mas adiantaria: a valorização da vida e da presença do outro, seriam as primeiras jóias a receberem uma nova lapidação dentro de você.


Grandes perdas nos oferecem ganhos múltiplos. Lições que nos farão melhores.


Não encare o vazio como possibilidade de ausência. O poeta Manoel de Barros já ensinara: ausência e vazios são fontes de enriquecimento.

"A mãe reparou que o menino

gostava mais do vazio do que do cheio.

Falava que os vazios são maiores

e até infinitos."


O outono é um caderno aberto à espera da nossa lição diária.

1 comentários:

Anônimo disse...

Eu gosto do outono. Ele prepara para o inverno rigoroso mas não nos faz perder de vista a primavera.